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quinta-feira, 14 de junho de 2012

Interiormente

Um certo dia um menino chegou para a sua mãe e disse que estava cansado de ouvir gozações na escola, que todos seus amigos tinham o melhor brinquedo, aquele "do momento" e que ele era o único que tinha o antigo e baratinho, com remendas de fita crepe. Frustrado, com lágrimas em seus olhos, ele a implora. Ela o diz que não tem condições de comprar aquilo, além de ser caro era desnecessário pois ele tinha o dele. Ela não entendia como que nada o satisfazia, nunca estava bom, nada era o bastante. O menino então, sabendo que não ganharia o seu, começou a pegar emprestado de seu coleguinha. Os poucos minutos que ele tinha eram sagrados, ele se desligava de tudo ao seu redor, seus olhos brilhavam e seu sorriso encantava qualquer um que passasse por ali. Ele espalhava uma espécie de magia, uma sensação que tomava conta de todos, aquele sim era o momento mágico. Após umas duas semanas o menino já não se contentava mais com aquilo, ele queria mais que nunca que o brinquedo fosse seu. Com a "cara fechada", ele mal via sua mãe. As poucas vezes que ele saía do quarto ele passava rápido por ela para evitar conversas paralelas. Angustiada, ela resolve dar um jeito na situação, afina, que mãe gosta de ver seu filho triste? Ela então saiu mais cedo do trabalho para poder reformar o brinquedo. Tirou os remendos, trocou umas peças, pintou novamente, enfim, ele parecia novo. E o menino? Ele sabia que era o mesmo brinquedo.

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